Nessa parte da palestra apresento a continuação do tópico: Potencial Criativo de Sinop - Dialogos externos
O dialogo externo também tem alcançado êxitos. A Secretaria da
Diversidade Cultural de Sinop fez um levantamento na região norte do Estado de
Mato Grosso e constatou que há mais de 400 profissionais interessados em cursar
cursos técnicos e licenciaturas na área de Música. Esse interesse, talvez, se
de pelo fato que a música hoje é um componente curricular obrigatório no ensino
de artes das escolas de todo o país, e também, porque o único curso de
graduação em música é oferecido somente pela UFMT na capital, a 500 km de
distância de Sinop. Pesquisa realizada por Abreu (2011, p. 81) aponta que no
município de Sinop os professores que atuam no ensino de arte vem adquirindo
formação em algumas das modalidades artísticas em outros espaços de formação
que não tenha sido a Universidade. Por essa
razão, a Prefeitura Municipal de Sinop/Secretaria da Diversidade Cultural
realizou juntamente com o Instituto Federal de Mato Grosso – campus de
Sorriso, duas audiências públicas confirmando assim, o interesse da população
pelo curso de música em Sinop.
Também, foi aprovado recentemente na Capes o projeto de
implantação de um curso de Ensino a Distância. Dentre eles, um na área
de Artes Visuais e outro na área de Música. O projeto de licenciatura em música
foi concebido por profissionais que atuam na Secretaria da Diversidade Cultural
de Sinop e na Secretaria de Educação em parceria com a Unemat, campus de Sinop
e Cáceres.
Sancionada,
recentemente, pelo Prefeito Municipal de Sinop, Sr. Juarez Costa, a Lei 1703
de 02/07/2012 tornou a Escola de Artes um espaço reconhecido, de fato e de
direito, na Secretaria da Diversidade Cultural. Esse reconhecimento denota a
importância dessa área do conhecimento, para o poder público municipal, como
uma das aliadas na formação humana e profissional dos seus munícipes. A vocação
da Escola Municipal de Arte de Sinop consiste em se aprimorar cada vez mais
como um espaço de formação técnico-profissionalizante. Para tanto, é necessário
que as parcerias continuem alimentando e retroalimentado projetos na área
social, cultural e educacional.
Das
ações da Secretaria da Diversidade Cultural emergiu também, o Programa de
Formação em Arte e Música para Múltiplos Espaços –PROFAMMES,trazendo
consigo a ampliação de suas ações em projetos de extensão e formação continuada
para professores que atuam com o ensino de Arte/Música, inclusive para
profissionais que atuam ou que poderão vira atuar no projeto mais educação. A
Secretaria de Educação vem implementando programas como o “Mais Educação”,
ofertando, assim, a inserção de monitores oriundos dos mais diversos segmentos
sociais para atuar dentro das escolas da REMES. Esse programa contribui para
ampliar a jornada escolar, mas não prepara pedagogicamente os profissionais da
área de arte para atuar com o alunado (PENNA, 2011). Assim, o PROFAMMES que possui características
interdisciplinares dadas a natureza das práticas de artes integradas, procura
atender profissionais que atuam em projetos de Ensino e Extensão da Escola de
Artes, Secretaria de Educação, e Secretaria de Ação Social.
Essas
ações, institucionalizadas, são executadas por pessoas que possuem
singularidades e interesses profissionais subjetivos. Esses “inter-esses” só
poderão serem realizados se forem, ou se tornarem comuns a um grupo, ou seja,
forem representados por um coletivo. Essas ações são consolidadas em projetos
coletivos de grupo. Considerar
o contexto e a força do coletivo como um espaço para continuarmos nos criando e
nos tornando, significa entender que o potencial não vem apenas do sujeito, mas
provém, também, dos outros, da situação, ou das oportunidades abertas pela
própria situação. O potencial da situação está no coletivo, assim como a força da água está no relevo. O sujeito
só tem determinadas características por tê-las negociado, pelo menos em alguns
momentos, com pessoas no contexto em que está inserido. Sendo assim, é preciso
ser de algum lugar para ser reconhecido e construir o seu vir a ser, neste
caso, a sua profissionalização (PASSEGGI, 2008).
Ser
criativo é encontrar caminhos. Quando encontrar esses caminhos deve-se trabalhar
arduamente, mantendo os pés no chão e entendendo o papel de cada um no projeto
coletivo do grupo. Tornar-se professor em
diferentes contextos exige um olhar para a diversidade criativa. A diversidade
criativa, que tem um aspecto multidimensional, envolve a(s) pessoa(s), o
processo, o produto e o contexto onde se está inserido. Todas essas dimensões
envolve uma interação contínua de forma que combinadas facilite a realização
pessoal e profissional do indivíduo.
Penso
que neste congresso de Artes, cujo tema envolve a diversidade criativa, possibilita-nos
refletir sobre as diferentes maneiras de atuarmos na área de Artes. É um espaço
para a fruição de ideias, flexibilizando-as, sempre em busca da diversidade, e
associadas aos interesses comuns. Dessa forma, a diversidade
criativa poderá ser observada sob diferentes prismas, como, por exemplo, o de
respeitar a especificidade e os valores do outro, pois existem características
próprias e modos particulares de agir e pensar dentro de cada contexto
histórico.
Um congresso como esse, que
significa a reunião de pessoas ou representantes que discutem interesses
comuns, é o clímax do processo democrático de construção de ideias, conteúdos e
deliberação de diretrizes que norteiam a política cultural de um município. Penso
que esse congresso contribui na formatação da política cultural no plano municipal.
A sociedade, artistas e produtores local, regional e estadual são chamados à
construção conjunta de políticas estratégicas neste campo do conhecimento.
É um espaço de promoção à
valorização da diversidade criativa nas artes, nas expressões e no pluralismo de
opiniões. A opinião, a apreciação, o conceito, as ideias, mas principalmente o
envolvimento de todos vocês nesse evento poderá fazer a diferença para que, nas
palavras de Ferreira Gullar, “a Arte nos
aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer”. A resposta, ou as respostas estão na maneira como
estamos nos tornando professores de Arte, ou profissionais da arte – artistas.
A arte em si não sabe, mas nos, que fazemos arte, temos que saber o que podemos
e devemos fazer. É preciso simplicidade para fazê-la florescer? Sim é preciso,
porque a simplicidade consiste em importar-se com o outro. E, “quem se importa”?
Encerro essa palestra exibindo
o trailer do filme “Quem se importa”, dirigido por Mara Mourão, a mesma
diretora do filme Doutores da Alegria. O filme, “Quem se importa” tem a
narração de Rodrigo Santoro. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=rwhMIEyoFJk. QUEM SE IMPORTA é um
documentário longa metragem sobre empreendedores sociais no Brasil e ao redor
do mundo. Pessoas brilhantes, que criaram, cada qual, uma organização inovadora
capaz de não só mudar a sociedade ao seu redor, mas também causar impacto
social suficiente para que estas ideias possam virar políticas públicas
aplicadas em várias partes do mundo. Um filme que, através de cada um de seus
personagens, vasculha o mundo atrás de pessoas magníficas que oferecem simples
soluções para as mais graves questões que nos afetam profundamente. Quem de vocês de importa? Eu
me importo. Importo-me ao ponto de querer encontrá-los no 2º Congresso de Artes
de Sinop com novas proposições e ideias criativas, e, em um contínuo vir a ser.
Muito Obrigada!